domingo, 21 de fevereiro de 2010

Como montar um aquário


Antes de se proceder à montagem de um aquário, deve-se ter em conta o que se quer realmente. Antes sequer de comprar o tanque, tem de se saber quais os peixes que vamos ter no aquário e quais as suas necessidades em termos de espaço, temperatura, sociabilidade e o tipo de habitat que é necessário para o seu bem-estar. Por outro lado, pode fazer-se uma montagem consoante o gosto de cada um e introduzir peixes que se encaixem nesse tipo de montagem.
            Eu, particularmente, gosto de aquários plantados, pela sua beleza mas também devido ao facto de a presença das plantas no aquário favorecer a qualidade da água. Isto porque as plantas consomem os nitritos e nitratos presentes nas fezes e urina dos peixes, responsáveis por intoxicações alimentares e, consequentemente, pela morte dos mesmos; por outro lado, as plantas são responsáveis por uma boa oxigenação da água devido ao processo da fotossíntese. Este processo deve-se ao facto de as plantas transformarem a energia luminosa em energia química e, desta forma, processarem o dióxido de carbono transformando-o em oxigénio útil para a respiração dos peixes. Este dióxido de carbono encontra-se na água devido à respiração dos peixes, no entanto, o mesmo por vezes não é suficiente para a fotossíntese; nesse caso tenho uma forma engenhosa de contornar a questão: numa garrafa de refrigerante de 1,5 litros, junto meio quilo de açúcar, mais ou menos trinta gramas de fermento de padeiro e uma colher de chá de bicarbonato de sódio e meio litro de água, na tampa faço um furo para passar um tubo, colo-o com cola térmica de forma a ficar estanque, na outra extremidade coloco uma pedra difusora mergulhada no interior do aquário. Quando as leveduras do fermento começarem a consumir o açúcar, dá-se então a fermentação, neste processo químico é libertado o dióxido de carbono, as plantas agradecem tornando-se muito mais viçosas e saudáveis. Nesta minha montagem adoptei uma nova forma de produzir e conter o CO2, fiz uma "botija" em aço inox, com uma válvula reguladora e um manómetro e lá dentro faço então a mistura caseira. Esta mistura é de tal forma poderosa que chega a produzir 14 bars de pressão!!!Também, como forma  de aproveitar esta pressão mais eficazmente instalei um difusor em vidro e cerâmica, pelo facto de produzir micro bolhas e desta forma a diluição do gás carbónico ser mais fácil. Para o processo da fotossíntese acontecer é necessária luz, para esta montagem fiz uma tampa à medida do aquário, com todos os elementos da iluminação: três lâmpadas T8 de 20W com casquilhos estanques e dois balastros electrónicos, tudo isto ligado a um temporizador regulado para iluminar, durante oito a dez horas por dia, ou seja, tento também na iluminação simular a duração de um dia.     

Para começar…

            Quando pretendemos um aquário plantado é essencial investir num bom substrato fértil, isto porque no início da montagem as plantas necessitam de nutrientes que ainda não se encontram na água devido à inexistência dos peixes.
            O substrato deve ser o primeiro a ser colocado, imediatamente sobre o vidro do fundo. Posteriormente, colocam-se as rochas, os troncos, enfim, tudo é permitido desde que não altere os parâmetros da água.
Após este passo, pode proceder-se à plantação. Nesta matéria não existem regras definidas, sendo que a escolha das plantas depende só do gosto pessoal. É importante que aquando da plantação, o aquário já tenha alguma água, apenas e só para permitir uma melhor fixação das raízes. 
Após a plantação, basta acabar de encher o aquário, convém que se tenha o máximo de cuidado para não arrancar as plantas. Lembrem-se que as raízes ainda não estão fixadas, eu utilizo um prato no fundo do tanque onde vou despejando gradualmente a água, isto para minimizar os efeitos da movimentação das plantas. Depois de cheio, liga-se o filtro para que as impurezas e a sujidade comecem a ser aspiradas.
Algumas horas depois, já se vislumbra o aspecto que se terá a partir daqui. Nesta altura ainda não se deve introduzir qualquer tipo de ser vivo, isto porque a água ainda precisa de fazer o ciclo do azoto.

O que é o ciclo do azoto?


“Os peixes evacuam amoníaco que é um produto tóxico para eles. Os aquários estabelecidos contêm bactérias auxiliadoras que destroem o amoníaco, mas os novos não. Tem por isso, de se fazer os ciclos ao aquário novo senão os seus peixes vão envenenar-se a si próprios com amoníaco.
O que acontece durante o ciclo do azoto?
Depois de adicionar peixes ao seu aquário, eles vão começar a evacuar amoníaco e outros resíduos na água. Os níveis de amoníaco sobem. Vão desenvolver-se bactérias auxiliadoras para destruir este amoníaco, mas demoram uma semana ou mais a desenvolver-se, esta é uma altura perigosa. Logo que estas bactérias se estabeleçam, os níveis de amoníaco irão baixar de novo para zero. Contudo, o perigo não terá passado porque as bactérias auxiliadoras convertem o amoníaco em nitrito, que também é tóxico para os peixes. Por isso quando os níveis de amoníaco descem, os níveis de nitrito sobem. Um segundo grupo de bactérias auxiliadoras vai-se estabelecer e converter o nitrito em nitrato, que é relativamente inofensivo. Este processo vai demorar outra semana ou mais. O produto final (nitrato) vai ser mantido sob controlo pelas mudanças parciais da água a efectuar regularmente. Não negligencie estas mudanças!
O processo total (de amoníaco para nitrito e depois para nitrato) é conhecido como o ciclo do azoto. Isto demora normalmente duas a três semanas, mas pode levar um mês ou mais. Cada aquário é diferente.
Fazer os ciclos de modo seguro:
1. Comece com uma selecção de peixes pequena. O seu primeiro lote não deve conter mais do que 1,25 cm de peixes por 4,5 litros de água.
2. Seja paciente. Não compre mais peixes até que tanto os níveis de amoníaco como os de nitrito tenham atingido um máximo e depois baixado até níveis que não se consigam detectar. Isto vai acontecer seis semanas depois de adicionar o primeiro lote de peixes, lembre-se de que o relógio só começa a contar quando adicionar a primeira selecção de peixes, porque os peixes produzem o amoníaco que faz despoletar o processo.
3. Compre um kit de teste de amoníaco e um de nitrito e use-os, pois é a única maneira de ter a certeza que o seu tanque fez os ciclos (e de que é seguro adicionar o resto dos seus peixes) é realizar testes à água.”
            Conseguir conciliar todos estes factores é um desafio diário, mas é algo de muito belo. Na minha  montagem tive em conta as necessidades de um peixe que gosto particularmente: o Ramirezi. Este peixe da classe dos ciclídeos é oriundo da América do Sul, é territorial e pode tornar-se bastante agressivo na altura da desova. Neste momento têm uma nova postura da qual eu espero ter filhotes desejem-me sorte!

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